Certamente, um dos grandes desafios que os alunos sempre tiveram que enfrentar é o da prática de produção de textos. Muitas vezes, tem-se a falsa sensação de que a escrita é apenas uma espécie de transcrição do universo da fala que precisaria apenas de alguns ajustes: uma palavra mais bonitinha aqui, uma vírgula ali, um “portanto” no final e… “arrasou!” A redação é nota 1000! Porém, a realidade está bem distante disso.
Escrever é um processo bem trabalhoso e que requer muita prática para que seja dominado. Longe de “diquinhas” especiais e de fórmulas infalíveis, a atividade de escrita requer o domínio de muitas habilidades, que podem ser, primeiramente, divididas em dois níveis mais gerais: o do conteúdo e o das habilidades linguísticas. Se um desses aspectos não está bem estruturado, o texto falha e não chega a seu objetivo. Dessa forma, é preciso que haja tanto o entendimento do assunto abordado quanto o domínio dos recursos linguísticos adequados para a expressão desse conteúdo.
Quando pensamos no aspecto do conteúdo, estamos diante de uma preparação bem gradual e contínua. Nos primeiros textos desenvolvidos na escola, a escrita é mais solta e prevalecem redações mais narrativas e criativas. No decorrer dos anos, o caráter argumentativo da escrita vai prevalecendo e, já nos anos finais do Fundamental, é a esse tipo de atividade que os alunos dedicam a sua escrita. Nesse momento da formação, o foco está na argumentação e, para que isso ocorra, é preciso ter o que falar, é preciso estar acostumado a pensar, a debater, a se colocar. Essas atividades, porém, não são nada simples, porque exigem concentração, foco e precisão – atitudes que, bem sabemos, não estão nada presentes na nossa sociedade digitalizada, muitas vezes tão rápida e superficial.
Já o trabalho com os aspectos linguísticos é um fazer constante das aulas de Língua Portuguesa; porém, quando aplicados na produção individual dos textos, trazem aos alunos novos desafios, dada a crescente complexidade das estruturas textuais. Isso traz a sensação de que, muitas vezes, o que é visto em aulas mais gramaticais não consegue ser aplicado na atividade de escrita. Trata-se, certamente, de um novo desafio à atividade de ensino/aprendizagem. Para vencê-lo, o trabalho de professores e alunos deve estar bem articulado, de forma que o aluno realmente entenda a correção feita pelo docente. Para tanto, vale, além da nota e das marcações feitas pelo professor, uma boa conversa entre ambos com o texto em mãos.
Além disso, o aluno deve realizar uma leitura cuidadosa do próprio texto já corrigido – atividade que poucos alunos fazem com atenção. Dessa forma, quando um texto é corrigido pelo professor, a atividade não foi encerrada: se o aluno não entender cada erro cometido e se não entender a correção, na próxima redação os mesmos erros retornarão. Aqui, é preciso, de fato, aprender com os próprios erros, o que é feito com muita atenção e reescrita. Assim, nada de fórmulas mágicas: a boa escrita é resultado de muito trabalho e dedicação!
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